quinta-feira, 29 de maio de 2008

Um samurai

A lâmina penetrou escaldante e gélida

Por mais que tivesse lutado, ela vencera

Estava tudo acabado então;

Morreria protegendo sua amada


Um pensamento ocorreu-lhe

tornando a lâmina ainda mais ardente

Se morresse, quem iria defender a ingênua

que chorava copiosamente?


Precisava resistir à morte

que teimava em acariciar seus dourados cabelos

Era o único que podia vencer aquele

que tinha adiantado o cair da areia de sua ampulheta


A retirada da lâmina que jazia no seu peito

Proporcionou dor e esperança

Em um único golpe concentrou toda a sua energia

que ainda fluía


Não poderia dar chances ao adversário

Se não o derrotasse com aquele golpe,

Não conseguiria desferir outro com tamanha força;

A vida da mulher que amava estava agora em outra lâmina


Tatzu assustou-se – como depois de tudo

Alguém conseguia estar de pé e assustadoramente

realizar um movimento com tal precisão e vontade?


A espada tinha acertado em cheio o coração de Tatzu

O movimento do seu combatente foi perfeito

apesar dos ferimentos que tinha causado a ele;

Foi-se com a honra de morrer em combate


Depois de usar toda sua energia,

Oro cai também na areia do campo de batalha

que agora possuía uma interessante coloração

devido ao sangue derramado durante a luta


Misachi correu para ouvir as últimas palavras de seu protetor

que havia dado a vida para mantê-la a salvo –

Você poderá viver mais um pouco

Mas espero por você em um lugar melhor


Assim levantou-se e, acompanhado de uma dama de preto,

andou em direção ao pôr-do-sol que cegava a todos

Ao som de um ensurdecedor choro de uma amante.

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